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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quem Quer Saber?

Sou um bloco de gelo no pólo sul.
Sou a lava de um adormecido vulcão.
Sou o infinito que é visto azul.
Sou a lua em sua total solidão.

Sou a casca da tua ferida viva.
Sou o curativo que nem sempre arde.
Sou a tua falta de qualquer alternativa.
Sou quem sempre chega mais tarde.

Sou a melodia que soa ao teu ouvido.
Sou o canto dos pássaros pela manhã.
Sou aquilo tudo quanto eu duvido.
Sou o cordeiro desprovido de sua lã.

Sou a bola perdida na linha de fundo.
Sou o juiz sentado no banco dos réus.
Sou a inútil torcida pelo fim do mundo.
Sou o pecador moribundo clamando aos céus.

Sou pescador sem caniço ou rede.
Sou o velho violão esquecido e sem cordas.
Sou a tua saliva e a tua própria sede.
Sou um oceano sem fim ou bordas.

Sou a fumaça de mais um cigarro.
Sou um jardim com gramas e flores.
Sou a estrada que não segue o teu carro.
Sou testemunha ocular da morte de amores.

Sou o mistério de toda qualquer teoria.
Sou o gênio da mais louca matemática.
Sou o maior objetivo de minha própria utopia.
Sou a melhor tradução da sua falta de prática.

Sou vazio por ser todo sentimento.
Sou o espelho escondido por que te desatina.
Sou o único responsável por aquilo que invento.
Sou a luz no fim do túnel que nunca termina.

domingo, 6 de junho de 2010

Amar é...

Ao amar, sentimos o coração
bater mais forte na porta do peito.
Amar é como se automedicar de paixão
sem se importar com algum possível efeito.

Ao amar, vivemos a sensação
de que estamos felizes e realizados.
Amar é como encontrar, na escuridão,
os nossos segredos mais iluminados.

Ao amar, perdemos, às vezes, a razão.
Agimos, como que, por nossos instintos.
Amar é como se perder na doce ilusão
de que, nossos sentimentos são distintos.

Ao amar, sabemos que nossa emoção
é fruto dos nossos desejos mais puros.
Amar é como atracar nossa embarcação,
sem ter de procurar outros portos seguros.

Ao amar, permitimos que a solidão,
seja, para o reencontro, um bom motivo.
Amar é como viver livre na escravidão,
é ser o feliz voluntário de um amor cativo.

domingo, 30 de maio de 2010

Há braços, no abraço.

Há braços, que indicam direções.
Há braços, que suportam pesos.
Há braços, que se mantêm presos.
Há braços, que embalam canções.

Abraços, sempre aquecem emoções.
Abraços, sempre são surpresas.
Abraços, sempre são sutilezas.
Abraços, sempre têm suas razões.

Há braços, que se apertam feito nós.
Há braços, que se abrem em espanto.
Há braços, que são iguais a um manto.
Há braços, que, sendo dois, nunca estão sós.

Abraços, sempre lembram um cós.
Abraços, sempre poderão ser fraternos.
Abraços, sempre poderão ser eternos.
Abraços, sempre poderão substituir a voz.

Há braços, que se omitem.
Há braços, que se estendem.
Há braços, que nos ofendem.
Há braços, que nos permitem.

Abraços, sempre guardam lembranças.
Abraços, sempre marcam com seu carinho.
Abraços, sempre haverá pelo caminho.
Abraços, sempre renovarão as esperanças.

domingo, 23 de maio de 2010

Ao Amar

Ao teu olhar,
tudo se concebe.
Faz bem te rimar.
Tua boca me bebe.

Ao teu sabor,
tudo é temperado.
Faz bem amar, amor.
É o sonhar de acordado.

Ao teu sopro de vento,
tudo em volta tem vida.
Sempre é um bom momento,
de reconhecer a pessoa querida.

Ao teu querido cheiro,
todo o demais desaparece.
Eu quero mais é estar, por inteiro,
envolvido nesse calor que me aquece.

Ao nosso suave adormecer,
todo um silêncio tomará conta.
Renasceremos ao novo amanhecer,
quando, do iceberg ao sol, seremos a ponta.

sábado, 15 de maio de 2010

Outra Razão

Cultivo, na horta da vida,
as melhores ervas medicinais.
À menor ou qualquer dor sentida,
faço uso de meus recursos naturais.

Pois, se tudo é sentimento,
não poderia ser de outra forma.
Não deixo que nenhum sofrimento
se instale em mim como uma norma.

Semeio no jardim da esperança,
as sementes que me fazem lembrar
das alegrias de quando eu era criança.
O mundo adulto e sem graça, pode esperar.

Ainda tenho usado em meus dias,
o tempo certo para celebrar a beleza.
Se, não nas letras de tão variadas poesias,
nas flores e noutras festas da feliz natureza.

Porém, esse poético e simples relato,
não tem a pretensão de ser uma auto-ajuda.
Quem sabe, seja uma oportunidade, um fato,
para que a sua consciência não seja tão muda.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Maternal

Mais do que elogios,
essas linhas querem dizer
dos incansáveis e ternos brios
daquelas que nos fizeram viver.

Mais do que ser mulher,
ser mãe, implica em abrir mão
de todo egoísmo que ainda houver,
passadas a inexperiência e a gestação.

Mais do que se sentir querida,
o que, para ela, já será o paraíso,
ela sabe que, ser fonte de outra vida,
é um estado de graça, de tempo impreciso.

Mais do que estar sempre alerta,
a guardiã de suas próprias esperanças,
mantém sempre o coração de porta aberta
para os seus filhos, as suas eternas crianças.

Mais do que as mais lindas flores,
mães querem mais é doar cotidianamente,
todo o calor que mantinham por seus amores,
desde quando, em si, se formava o fruto presente.

Mais do que uma extravagante homenagem,
as mães que se sentem felizes em sua verdade,
guardarão o domingo como sua melhor imagem:
A sua casa, transformada na mais bela maternidade.

domingo, 2 de maio de 2010

Dança do Ventre

As mais sinuosas curvas
se rendem aos meus encantos.
Seduzo até mesmo visões turvas,
de pecadores, aos mais santos.

Além de uma mera sedução,
sou toda um suave encantamento.
Quiçá, a mais doce manifestação
Do que é denominado sentimento.

Originária do oriente médio,
conquistei com graça o meu espaço.
Contra todo e qualquer tédio,
prendo atenções feito um laço.

Sou milenar em minha arte.
Percorro já, o mundo inteiro.
Fui bem recebida em toda parte.
Do povo japonês, ao brasileiro.

Não tenha medo ao me desvendar.
Em meu universo místico, adentre.
Dance, ao menos, com teu olhar.
Prazer, eu sou a dança do ventre.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Solidão de Amor no Mar

Nem mesmo os ventos
das mais sábias inspirações,
me trarão de volta os momentos
em que se fundiam nossas paixões.

Ficou para trás mais um verão.
Outro outono desfolha meu peito.
Será um novo inverno de fria solidão.
Porém, a primavera me encontrará refeito.

Por mais que eu saiba que amar é humano,
insistir no amor, me parece uma tola pieguice.
Ainda que eu te ame, não posso incorrer no engano
de esquecer as bobagens que a tua boca, oca, me disse.

Vou deixar minha vida estendida, no sal, ao sol.
Já que não quisestes ser a minha soberana e linda ilha,
não serei entrave no mar do teu viver, assim, como um atol.
Sou já um leão marinho que, na tua areia, não deixa mais trilha.

domingo, 18 de abril de 2010

Vida Boa

Quero dar-te, amor,
toda calma de um lago.
Essa chama que eu trago,
há de ser para te dar calor.

Nada me importa mais
do que saber de ti, feliz.
Aquilo que eu mais quis,
descobri entre os teus sinais.

Em teu olhar de doçura,
findaram as minhas ânsias.
Não existem mais distâncias.
O meu querer é essa tua ternura.

Deixo de lado meus dramas,
quando tenho a tua companhia.
Já não me importa outra alegria,
nem mesmo, sequer, outras camas.

Sou, já, a realização em pessoa.
Quero que o mesmo ocorra contigo.
Para tanto, ofereço todo o meu abrigo.
Sejamos um do outro em nossa vida boa.

domingo, 11 de abril de 2010

Às vezes, temo

Às vezes, temo a solidão
que surge quando eu estou só.
Sem nenhum aviso, ela me dá a mão
e me leva por diante, com frieza e sem dó.

Às vezes, tenho a impressão
de que nada mais me impressiona.
Como se apenas a minha insensível razão,
fosse responsável por aquilo que me aprisiona.

Às vezes, nem mesmo a paixão,
que é o meu mais natural combustível,
é capaz de dar asas à minha frágil imaginação.
Nem sempre, a nós e ao nosso amor, tudo é possível.

Às vezes, penso em ser um diapasão
que possa ajustar todas as coisas ao redor.
No entanto, nem tudo que necessite de afinação,
tende a se transformar, ao meu desejo, em algo melhor.

Às vezes, temo toda essa escuridão
que impede a minha mente de ser mais sã.
Porém, lembro que, a vida é de soma e de subtração.
Por isso, quero mais é somar a partir de cada nova manhã.

domingo, 4 de abril de 2010

Fusão Amorosa

Muito agradável este cheiro teu,
mesclado ao aroma do incenso.
Esqueço até mesmo quem sou eu,
sem saber, ao menos, no que penso.

Os teus lábios na mesma taça de vinho,
aonde os meus, marcados também estão,
fazem, dos nossos apenas um carinho.
Duas mentes ligadas numa só emoção.

Na parede, feito tela, a paisagem.
Contornos que identificam o amor.
Fundimo-nos numa mesma imagem.
Na sombra, não há distinção de cor.

Na fogueira, somos chama que se renova.
Nossa fusão amorosa se dá no abraço.
Uma teoria, em prática, posta à prova.
Dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço.

domingo, 28 de março de 2010

A Bela Decidida

Eu poderia estar acreditando
que a minha vida me basta.
Mas, ela é só um vendaval que me arrasta.

Nas noites de festa, no espelho,
feito louca, de tantas roupas me visto.
Em nenhuma delas me acho. Ainda assim, insisto.

Por me encontrar perdida,
eu preciso novamente me iludir.
Sei que, ao menos em meu labirinto, posso sorrir.

Não me acorde na manhã seguinte se,
ao dormir, eu não me sentir feliz.
No sono é que me arrependo daquilo que eu não fiz.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Outros Quereres

Quero, além do teu sorriso,
toda tua alegria e teu fascínio.
Sem, com isso, ter o teu domínio.

Quero, a cada dia, sem aviso,
lembrar-te do quanto és importante
para que o meu viver seja tão mutante.

Quero, quando me sentir indeciso,
ter o toque de teu carinho e conforto.
Aí, me sentirei mais seguro, menos absorto.

Quero, até mesmo por que, priorizo,
estar atento à tua menor angústia ou medo.
Entre nós, não há de existir nenhum segredo.

Quero, que, ao teu menor improviso,
eu saiba traduzir o que venha a dizer o teu olhar.
Assim, será completa a conjugação do verbo amar.

Quero, na medida em que também preciso,
dar-te a liberdade necessária para que te sintas viva.
Para que, enfim, sejamos um ao outro, a melhor alternativa.


Paulo Eduardo da Rocha

segunda-feira, 15 de março de 2010

Por Falar

Por falar em idioma,
eu quero aprender javanês.
Vive-se em estado de coma
em relação ao bom português.

Por falar em harmonia,
quero viver mais minha cidade.
Não há de amanhecer um único dia
em que eu não a viva com intensidade.

Por falar em espetáculos,
eu quero mais é ser protagonista.
Não haverão de existir mais obstáculos
para que em cada dia eu seja o teu artista.

Por falar em desesperados,
quero é que eles não me esperem.
Quando se têm as mãos e os pés amarrados,
sempre se depende da ajuda de outros que cooperem.

Por falar em desestabilidade,
eu quero estabelecer que a sobrevivência
seja mais que uma efêmera e ocasional felicidade.
Que, viver seja gozar da vida com muito mais consciência.

terça-feira, 9 de março de 2010

Do Mar ao Riso

Ah, o mar,
pano de fundo
na tua imagem solar
com toda alegria do mundo!

Fico encantado.
O teu alvo sorriso,
tendo as ondas ao lado,
ilumina todo este meu improviso.

Mais do que beleza,
teus cabelos ao vento
realçam minha sutil esperteza,
de querer eternizar este momento.

Pois, que, a tua pele,
a tua tez, suave e morena,
faz com que em versos eu me revele.
Feliz, redescubro que ser poeta vale a pena.

domingo, 7 de março de 2010

A Janela e o Tempo

Uma janela, um olhar.
O tempo, uma chuva lá fora.
Aqui dentro, o tempo a passar,
nessa solidão que em mim demora.

Quero ser o vidro, transparente.
Que, através de meus sentidos,
eu possa sempre estar presente,
ainda que, eles pareçam perdidos.

Há vida na chuva, na janela.
Em mim, ainda mais há de ter.
A vida é toda uma aquarela.
Que, o ateliê seja o meu viver.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Violão

Ele é um grande senhor,
entre os instrumentos musicais.
Digno de todos os louvores celestiais.

Sempre teve um real valor.
Pode produzir a mais bela melodia,
se as notas soarem plenas de harmonia.

Por ser parceiro fiel do tocador,
ele exige a fidelidade de uma à outra mão,
para os acordes perfeitos de qualquer canção.

Magnífico em todo seu esplendor,
é exercício mental e corporal que não cansa.
É prazeroso, tanto ao ancião, quanto a uma criança.

Acompanha desde lamentos, ao amor.
Há quem o compare ao corpo de uma mulher.
O violão é pura alma, no ritmo que ao ouvido aprouver.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Amor e Sentidos

Sei que o amor
não é uma ciência.
Seja lá o que ele for,
pode ser uma freqüência.

Enquanto te banhas nua,
eu observo o céu, ao relento.
Penso em nós num banho de lua.
Quisera, tenhamos um só pensamento.

Assim como faz muito bem
observar as estrelas no infinito,
quero saber, muito mais que além,
que chegue aos teus sentidos o meu rito.

Deixemos, então, o dia nascer.
Ele se encarregará de ler a nós dois.
De pouco adianta as emoções esconder.
O melhor do presente nunca fica pra depois.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Loucas Aventuras

Loucas Aventuras


O que é essa loucura
que chega às raias da ternura,
como se fosse passear num jardim?

Longe de ser frescura,
toma a forma de uma aventura
que parece não ter início, meio ou fim.

Qual a real temperatura
necessária para alcançar a fervura
que irá cozinhar o que estivermos afim?

Por certo, eu não tenho cura.
Por louca, tu não completas a mistura.
Ficas superficial sobre o pão, feito gergelim.

Quem irá nos responder à altura,
alternativas para essa tamanha lonjura
que nos mantém tão distantes, irreais assim?

Não há alquimia nesta minha procura.
Nem, tampouco, vais empenhar qualquer jura.
Façamos de conta que tenho a ti e que tens a mim.


Paulo Eduardo da Rocha

Imunidades

Às leis, nem todos
estão ou são sujeitos.
Existem tantos engodos,
e, tanto quanto, suspeitos.

Dentre os marginais,
uns, têm suas imunidades.
Alguns, menores, colegiais.
Outros, por terem autoridades.

Há os que têm a parlamentar
e, isso, é privilégio para poucos.
Já, eu, tenho imunidade hospitalar.
Vivo livre, em meio aos demais loucos.


Paulo Eduardo da Rocha

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Carnavalesco

_Carnaval Importado_


É comum nos enganarmos
sobre o fato de, ser o carnaval,
um produto, uma festa nacional.
Para entendê-lo, basta pesquisarmos.

No século 18, os portugueses,
trouxeram esse festejo de além mar.
Com o tempo, caiu no gosto popular.
Então, do carnaval, somos fregueses.

Por ter se tornado uma ocasião
dedicada às mais diversas folias,
permanece vivo até nossos dias.
Todo o brasileiro pode ser um folião.

O rótulo de sermos o país do carnaval,
nunca passou de um termo pejorativo.
Dentre os imigrantes e o povo nativo,
somos mais do que uma caricatura banal.

Natural é ser associada, tal festa,
a um mero ritual coletivo e alienante.
Num inferno, pior do que o de Dante,
diversão, assim, é o que de melhor resta.